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Foto do escritorPaulo Farias

Retratos da Leitura no Brasil




Inúmeros educadores, pesquisadores e agentes sociais têm posto em discussão o que se vem sendo chamado de “crise na leitura” no Brasil. Aliadas a isso, surgem indagações sobre o papel da escola na formação de leitores, o papel do professor, além das novas tecnologias digitais e o papel da internet frente a essa preocupante realidade.


 O país perdeu, nos últimos quatro anos, mais de 4,6 milhões de leitores, segundo dados da última pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (Instituto Pró-Livro - IPL, Itaú Cultural e IBOPE Inteligência). De 2015 para 2019, o índice de leitores caiu de 56% para 52%. Considera-se leitor aquele que leu, inteiro ou em parte, pelo menos um livro nos últimos três meses. Já os considerados não leitores, ou seja, aqueles com mais de cinco anos que não leram nenhum livro, nem mesmo em parte, nos últimos três meses, representam 48% da população, equivalente a cerca de 93 milhões de um total de 193 milhões de brasileiros. Foram feitas, segundo o IPL, 8.076 entrevistas em 208 municípios entre outubro de 2019 e janeiro de 2020.



A pesquisa foi realizada antes da pandemia do novo coronavírus, não refletindo, portanto, os impactos da crise sanitária brasileira na leitura no país. As quedas mais significativas no percentual de leitores foram observadas entre pessoas com ensino superior, passando de 82% em 2015 para 68% em 2019. Para a coordenadora da pesquisa, Zoara Failla, “a surpresa está na queda em leitores de classe A e B e de Ensino Superior, que historicamente sempre tiveram um percentual bem maior. Também verificamos uma queda no percentual de leitores na população de 11 a 17 anos – sendo que nas três últimas edições eles se mantiveram em um patamar parecido”.  O brasileiro lê, em média, cinco livros por ano, sendo que 2,4 livros lidos apenas em parte e, 2,5, completos. De acordo com a pesquisa, a internet e as redes sociais foram as principais razões para a queda no percentual de leitores, sobretudo entre as classes mais ricas e com ensino superior.


"[Essas pessoas] estão usando o seu tempo livre, não para a leitura de literatura, para a leitura pelo prazer, mas estão usando o tempo livre nas redes sociais”, afirma a coordenadora da pesquisa.



 A pesquisa mostra também que 82% dos leitores gostariam de ter lido mais. Quase a metade (47%) diz que não o fez por falta de tempo. Entre os não leitores, 34% alegaram falta de tempo e 28% disseram que não leram porque não gostam. O WhatsApp e outras plataformas ganharam espaço entre as atividades preferidas pelos entrevistados, leitores e não leitores. Em 2015, 47% disseram usar a internet no tempo livre, já em 2019, esse percentual aumentou para 66%. O uso do WhatsApp passou de 43% para 62%. A pesquisa ainda mostra uma série de dificuldades de leitura. Entre os entrevistados, 4% disseram não saber ler; 19% disseram ler muito devagar; 13% não ter concentração para ler; 9% não compreender a maior parte do que leem.


*Natanael Lima Jr. é pedagogo, poeta, produtor cultural, editor do site ‘Domingo com Poesia’ – DCP e da ‘Imagética Edições’, Assessoria e Projeto Editorial. 


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