Devendo: Prefeitura do Cabo não paga a Bacamarteiros e Associação aciona o Ministério Público
*do blog do Jamildo
A Sociedade de Bacamarteiros do Cabo de Santo Agostinho (Sobac) está denunciando a prefeitura do município de atrasar em quase um ano o pagamento de um contrato firmado em 2022 para a realização do VIII Encontro Zé da Banha.
Segundo o grupo artístico, o contrato teve valor total de R$ 29 mil e seria usado para pagar fornecedores de costura, produção musical, confecção de medalhas e alimentação dos artistas.
O encontro Zé da Banha de Bacamarteiros, realizado anualmente no primeiro domingo de julho, reúne bacamarteiros de 20 municípios de Pernambuco e de outros estados em procissão pelas ruas da cidade.
Ivan Marinho, presidente da Sobac, afirma que o grupo esteve reunido com o prefeito Keko do Armazém (PP) há quatro meses para encontrar uma resolução. Na ocasião, o gestor ouviu o pleito dos bacamarteiros e se comprometeu a cumprir o contrato.
“Fomos bem atendidos, o projeto foi elogiado, reconheceram a importância do nosso trabalho, mas, de repente, a prefeitura não prestou contas. Não consigo saber o que aconteceu”, disse Ivan.
O produtor cultural afirma que a edição deste ano do Encontro de Zé da Banha, prevista para o próximo dia 2 de julho, pode não acontecer por falta de recursos, visto que os fornecedores do ano passado não aceitaram realizar os trabalhos para este ano.
Museu do Bacamarte sem recursos
O mestre bacamarteiro também contou que o Museu do Bacamarte (Mobbac), o único voltado para a valorização desta manifestação cultural no mundo, sediado no Cabo, também deixou de receber recursos da prefeitura.
Um termo de fomento pago em 2021, no valor de R$ 120 mil, fez o museu funcionar até agosto de 2022.
"O museu funcionou por um ano e recebeu 2 mil visitações. Na época, realizamos oficinas de pífano, evento com coral regional", contou Ivan.
"Não houve mais retomada do termo de fomento. Eles não depositavam mais o termo de fomento do museu", acrescentou.
Bacamarteiros em frente ao Museu do Bacamarte do Cabo de Santo Agostinho - Cortesia/Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo
Segundo o produtor cultural, o museu está fechado desde setembro de 2022, abrindo apenas para visitações agendadas com grupos de mais de 10 pessoas, por meio de recursos da própria Sobac.
"Não temos ajuda de custo para pagar os mediadores, que são os próprios bacamarteiros. Assumimos por conta própria para manter a valorização da memória".
Protesto no Trem do Forró.
No último sábado (10), a Sobac realizou um protesto na chegada do Trem do Forró à cidade do Cabo de Santo Agostinho.
Caracterizados com as roupas usadas nas apresentações, os bacamarteiros ergueram faixas afirmando que a prefeitura "silenciou" o grupo, único patrimônio vivo do município.
Protesto da Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo na chegada do Trem do Forró 2023 - Cortesia/Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo
Ministério Público foi acionado
No dia 18 de maio deste ano, a Sobac apresentou ofício à 3ª Promotoria de Justiça da Defesa da Cidadania do Cabo, informando sobre o atraso no pagamento e solicitando audiência para resolução do caso.
O Ministério Público afirma que notificou a prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, por meio da Secretaria de Cultura, e deu prazo de 10 dias para que a gestão se manifestasse sobre a existência da disponibilidade financeira para a realização do evento deste ano.
"Até o momento, o Ministério Público aguarda resposta do município", afirmou o MPPE, em nota enviada ao Blog de Jamildo ontem.
O que diz a Prefeitura do Cabo
O Blog de Jamildo procurou a prefeitura do Cabo de Santo Agostinho para esclarecer as denúncias feitas pela Sociedade dos Bacamarteiros e aguarda retorno da gestão.
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