Valor do m2 dos quiosques de BV é o mais caro do Brasil e merece um olhar atento do TCE e MPPE

Há um ditado que diz: "quando a pólvora é alheia, dou o tiro de lascar o cano". Porém, nas obras públicas essa pólvora não é alheia, nem nunca foi, ela é do povo. E, por isso, deve ser gasta com muito zelo e responsabilidade.

No último sabado(30), o prefeito do Recife, João Campos (PSB) entregou 6 novos quiosques na orla de Boa Viagem.

A obra pode não chamar atenção por sua beleza, porém deixa a população pasma, quanto a seu valor.

Joao Campos(PSB) conseguiu a façanha de tornar o metro quadrado do projeto de revitalização dos quiosques mais de o dobro dos imóveis localizados à beira-mar. Os quiosques de João têm o metro quadrado mais caro do Brasil. Nem os prédios mais luxuosos do LeBron, no Rio de Janeiro possui o metro quadrado tão caro.

Orçado em R$ 8,6 milhões, o projeto de construção dos 24 quiosques, com 16m² cada, saiu por R$ 358.333,00, ou seja, o m² por R$ 22.395,00. O Prefeito João Campos já entregou os seis primeiros restaurados.

Vale ressaltar que no caso dos quiosques de Boa Viagem, deve-se excluir o valor do terreno que é o componente mais caro do valor do metro quadrado. Esse valor de 22,3 mil por metro quadrado torna-se ainda mais absurdo porque é apenas o valor da construção.

O custo do metro quadrado na construção de uma casa no Brasil ficou quase 50% mais alto nos últimos cinco anos. Dados do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil) mostram que, do fim de 2016 para o fim de 2021, o valor médio do metro quadrado de uma construção subiu 47,43%, indo de R$ 1.027,30 para R$ 1.514,52. No mesmo período, a inflação acumulada foi de 28,15%.

Os valores consideram as despesas com mão de obra e material.

Nem os quiosques do calçadão de Ipanema chegam perto ao investimento dos de Boa Viagem!

A verdade é que não precisa ser especialista em obras para perceber que há um suposto superfaturamento nesse projeto. É preciso que os Órgãos de Controle Externo, como Câmara de Vereadores, Tribunal de Contas do Estado e o Ministério Público dediquem um olhar especial sobre essa obra. Não se justifica que 16 metros quadrados de concreto armado com azulejos custe tão caro.

Cave apenas uma pergunta: Será que se fosse com o seu próprio dinheiro, ou melhor, com sua própria pólvora, o Prefeito do Recife pagaria 388 mil reais por um apartamento de 16 metros quadrados? Alô, Órgãos de Controle!